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O jornal The New York Times foi o primeiro a identificar o autor da denúncia contra Trump como um agente da CIA e ex-trabalhador da Casa Branca, informação entretanto confirmada pela agência Reuters com base em fontes próximas da investigação.
É ainda desconhecido o nome do acusador e um dos seus advogados já alertou que a eventual revelação da identidade do mesmo poderá colocá-lo em risco.
O aviso surge depois de Donald Trump ter exigido saber quem forneceu as informações ao denunciante e defendido que essa pessoa se assemelha a um espião.
“Quero saber quem é a pessoa que deu informações ao acusador. Porque quem o fez assemelha-se a um espião”, declarou. “Sabem o que se costumava fazer antigamente, certo? Lidávamos com espiões e com traição de forma um pouco diferente da atual”, disse o Presidente, numa aparente referência à execução de espiões nos Estados Unidos em décadas passadas.
Palavras proferidas na manhã de quinta-feira, durante um evento privado com diplomatas em Nova Iorque, e registadas numa gravação obtida pelo jornal Los Angeles Times.
O democrata Raja Kirshnamoorthi confessou estar “preocupado com as declarações do Presidente” e recear que este “pretenda retaliar contra o acusador”.
Em que consiste a acusação?
Donald Trump é acusado de ter utilizado ilicitamente 400 milhões de dólares em apoios militares à Ucrânia, numa altura em que esse país se encontra vulnerável face à Rússia, para que investigasse o seu potencial adversário nas eleições de 2020, Joe Biden, e o filho, Hunter Biden.
Trump acredita que Joe Biden e o seu filho são culpados por crimes de corrupção.
Outra das acusações que constam do relatório do alegado agente da CIA diz respeito ao facto de a Casa Branca ter tentado encobrir as provas que poderiam incriminar Donald Trump.
De acordo com o acusador, funcionários da Administração Trump retiraram do sistema informático a transcrição da conversa telefónica com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e passaram-na para um sistema informático privado onde habitualmente é armazenada informação sensível a nível da segurança nacional.
“Estas ações deixaram claro, a meu ver, que os funcionários da Casa Branca perceberam a gravidade do que tinha sido conversado durante esse telefonema”, pode ler-se no relatório que denuncia Trump.
O Presidente norte-americano tentou defender-se na quarta-feira, ao divulgar a transcrição da conversa telefónica com o homólogo ucraniano. O documento revela, porém, que de facto Trump pediu um “favor” ao Presidente da Ucrânia.
Na noite passada, Trump voltou a defender-se das acusações. “O Presidente da Ucrânia disse que NÃO foi pressionado por mim a fazer algo de errado. Não pode haver melhor testemunho que esse!”, considerou no Twitter.
The President of Ukraine said that he was NOT pressured by me to do anything wrong. Can’t have better testimony than that! As V.P., Biden had his son, on the other hand, take out millions of dollars by strong arming the Ukrainian President. Also looted millions from China. Bad!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) September 26, 2019
“Por outro lado, Joe Biden, enquanto era vice-presidente, fez o seu filho apoderar-se de milhões de dólares ao fornecer armamento ao Presidente ucraniano. Também lucraram milhões com a China”, acusou.
Democratas querem impeachment
Até agora, 219 democratas da Câmara dos Representantes – mais de metade dos 435 membros – demonstraram publicamente apoio pelo processo que poderá levar ao impeachment.
“O Presidente dos Estados Unidos traiu o juramento de tomada de posse, o juramento de defender a segurança nacional e o juramento de defender a nossa Constituição”, considerou Adam Schiff, democrata e presidente do Comité de Inteligência da Câmara dos Representantes.
O Partido Republicano, por outro lado, já se encontra a juntar provas que neguem a alegada pressão exercida por Trump sobre o homólogo ucraniano.
A Casa Branca também já se expressou a favor do Presidente norte-americano, alegando que a tentativa de destituição é um ataque levado a cabo pelos democratas que, desde as eleições de 2016, veem Donald Trump como um vencedor ilegítimo.
A opinião é partilhada pelo próprio Presidente, que considera que “o que os democratas estão a fazer ao país é vergonhoso e não deveria ser permitido”, pelo que “deveria existir maneira de o travar”.
2019-09-27 10:01:00Z
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