
Morreu o cantor Roberto Leal, confirmou o antigo secretário de Estado das Comunidades e da Administração Local ao Observador. Tinha 67 anos e lutava contra um cancro que lhe estava a ameaçar a visão. “O nosso amigo, grande português no Brasil e no mundo, António Joaquim Fernandes, o grande Roberto Leal, acabou de falecer. A tristeza é enorme. Portugal e o Brasil estão de luto”, escreveu José Cesário no Facebook.
Famoso por canções como “Arrebita”, “Uma Casa Portuguesa” e “Chora, Carolina”, cuja autoria partilha com Martinho da Vila, Roberto Leal nasceu em Macedo de Cavaleiros e emigrou para São Paulo, no Brasil, aos 11 anos com a família. O sucesso musical chegou em 1971 com a canção “Arrebita”. Desde então, já vendeu mais de 17 milhões de discos. No currículo constam ainda 30 discos de ouro e cinco de platina.
Hoje acordamos com um enorme choque. O nosso amigo, grande Português no Brasil e no Mundo, António Joaquim Fernandes, o…
Posted by José Cesário on Sunday, September 15, 2019
Em janeiro deste ano, Roberto Leal admitiu ao Observador que tinha um melanoma na perna que acabou por lhe condenar a vista no olho direito por causa dos tratamentos a que se submeteu. “O primeiro sintoma fez-me crer que estava com uma crise de ciática, uma associação normal quando começamos a sentir uns formigueiros nas pernas, dores nas costas, etc.”, começou por explicar o cantor. “Os resultados confirmaram que o sinal que tinha na minha pantorrilha direita tinha um melanoma. Seguiram-se uma série de análises e fui logo operado, uma cirurgia complexa e profunda para retirar todo o mal que lá estava”, contou.
Roberto Leal foi submetido a um tratamento de imunoterapia, mas decidiu não interromper a digressão que tinha agendada para Portugal. Foi então que se encontrou uma hérnia fulminante, que lhe obrigou a submeter-se a uma operação ao fundo da coluna: “No meio dos testes que me fizeram antes da operação perceberam que atrás da hérnia havia outro tumor. Ele acabou por operar e foi de novo um sucesso. Um cara que não conseguia pegar num telefone, depois da operação, no dia seguinte, tinha as pernas que pareciam um elástico!”, concluiu.
Enquanto isso, Roberto Leal prosseguia com a música sem nunca pensar em desistir dela: “Estava tudo na dúvida sobre como íamos fazer, como iria entrar em palco, e o meu filho mais velho, o Rodrigo, até disse que ia ao palco avisar as pessoas que eu não ia cantar porque estava doente. Mas recusei. Disse que não iria fazer bailaricos e que só depois, a seu tempo, iria falar da minha saúde. Dei o concerto sentado mas à segunda música já estava toda a gente a gritar pelo meu nome”, recordou ao Observador.
Foi um momento preponderante para o luso-brasileiro: “Foi nesta altura que percebi também que se ficasse em casa ia entregar todo o meu tempo à dor. Preferi apostar no amor e no carinho numa posição onde nunca tinha estado, toda a gente de pé a dançar e eu sentado. Percebi que era um caminho que ia ter de percorrer, não havia volta a dar. Senti que ia ser um percurso duro mas que me iria fazer crescer”.
Em entrevista ao Observador, Roberto Leal disse que tinha de acreditar em milagres: “Sempre fui um homem de fé, já tinha sido um milagre ter vindo de Vale da Porca e ter vendido quase trinta milhões de discos”, comparou. Quando emigrou para o Brasil com os pais e nove irmãos, António Joaquim Fernandes era sapateiro e vendia doces. Estávamos em 1962. No final da década, António já era Roberto Leal, cantor de fados e baladas.
Em 2018, Roberto Leal entrou no mundo da política e candidatou-se a deputado pelo estado de São Paulo pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), mas não venceu as eleições.
2019-09-15 11:40:22Z
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