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Saturday, October 19, 2019

"É hora de fazer isto." Boris pede a Labour que ignore Corbyn e vote acordo do Brexit - Diário de Notícias - Lisboa

"É hora de fazer isto." Boris pede a Labour que ignore Corbyn e vote acordo do Brexit - Diário de Notícias - Lisboa

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, agradeceu aos deputados e aos funcionários da Câmara dos Comuns estarem a trabalhar a um sábado, lembrando que este é o segundo acordo e a quarta votação sobre um acordo de Brexit, mais de três anos depois do referendo. "Espero que este seja o momento que possamos chegar a uma resolução", defendeu, acrescentando que acredita que este é "um bom acordo" e esperar que possa ser votado hoje.

Uma das emendas que vão ser debatidas, a emenda Letwin, poderá implicar pedir um adiamento da saída da União Europeia, com fontes a dizer aos media britânicos que caso seja aprovada então o primeiro-ministro vai retirar a votação de hoje. "Agora é a hora de fazer isto", defendeu o primeiro-ministro, dizendo que há muito pouco "apetite" da parte dos restantes líderes europeus para mais adiamentos.

"Espero que, ao estarmos reunidos de propósito para uma votação significativa, possamos realmente ter uma votação significativa", disse Johnson, sem confirmar se tirará ou não o acordo de votação caso a emenda Letwin seja aprovada. "Espero que este seja o momento em que possamos chegar a uma resolução e reconciliar os instintos que competem dentro de nós", acrescentou.

No seu discurso antes do debate, Johnson lembrou que os britânicos sempre foram acusados de não se comprometerem totalmente com a União Europeia, dizendo que não ao euro ou ao espaço Schengen. Mas lembrou que "parte dos nossos corações" está com a Europa. "Se fomos dúbios sobre a retórica da União e da integração, então é lógico que com metade dos nossos corações sentimos outra coisa", falando num sentido de "amor e respeito" pelos outros países da Europa.

"Somos capazes de ser céticos sobre a integração, mas apaixonados e entusiastas do que a Europa pode ser", defendeu Johnson, defendendo que é "urgente" avançar e construir uma nova relação com a União Europeia.

"Agora é tempo desta grande Câmara dos Comuns unir-se e reunir o país", afirmou. "Este acordo permite que todo o Reino Unido saia da União Europeia a 31 de outubro de acordo com o referendo e avançar com uma nova parceria baseada nos mais próximos laços de amizade e cooperação", acrescentou.

"O Labour não está preparado para vender as comunidades que representamos. Não estamos dispostos a vender o futuro delas e não vamos aprovar este acordo", alegou.

Corbyn fala de acordo pior do que o de May

O líder da oposição, Jeremy Corbyn, acusou na sua intervenção o primeiro-ministro de negociar um acordo pior do que aquele que havia. "Não se pode confiar neste governo e estes deputados não serão enganados"; afirmou.

"Ele renegociou o acordo de saída e tornou-o ainda pior. Ele renegociou a declaração política e tornou-a ainda pior", alegou o líder do Labour, considerando o acordo negociado por Johnson ainda pior do que o que foi negociado por Theresa May. O mesmo defendeu mais tarde o líder do Partido Nacionalista Escocês (SNP, na sigla em inglês) no Parlamento britânico, Ian Blackford.

Segundo Corbyn, o primeiro-ministro não está a ser honesto em relação aos efeitos deste acordo no setor do emprego e da produção, alegando que votar neste acordo seria votar para cortar empregos. "Se votarmos num acordo que torna os nossos eleitores mais pobres, não seremos perdoados por isso", disse o líder do Labour.

"Percebo perfeitamente a frustração e a fadiga em todo o país e nesta Câmara dos Comuns, mas não podemos simplesmente votar num acordo que é ainda pior que o que esta Câmara já rejeitou três vezes", indicou.

Na resposta, Boris Johnson disse estar "desiludido" com o tom de Corbyn, explicando que pensava que ele iria ser capaz de se mostrar ao nível do debate e votar de acordo com o que os britânicos disseram no referendo de 2016. E acusa o líder da oposição de não fazer o melhor para o país.

O primeiro-ministro pediu aos deputado do Labour que ignorem Corbyn e vote a favor do acordo.

Criticas dos partidos da oposição

O primeiro-ministro, que não tem maioria no Parlamento, precisa dos votos dos deputados do Labour para conseguir passar o seu acordo. A meta são os 320 deputados, sendo que nem os unionistas da Irlanda do Norte (DUP), que apoiam o governo, vão votar a favor. "Temos que sair juntos como uma nação", disse Nigel Dodds, líder do DUP no Parlamento britânico, durante o debate.

Por seu lado, o líder do SNP acusou o governo de Boris Johnson de "vender a Escócia", questionado porque é que os escoceses não têm os mesmos benefícios que o acordo dá à Irlanda do Norte.

A líder dos Liberais-Democratas, Jo Swinson, voltou a defender a realização de um novo referendo, alegando que Boris Johnson só não avança para um porque sabe que os britânicos já não querem sair da União Europeia.

Durante o debate, o primeiro-ministro foi questionado por vários dos antigos deputados conservadores que foram afastados pelo partido depois de votarem contra Boris Johnson numa outra votação sobre se o seu acordo garante o direito dos trabalhadores ou que o Parlamento possa ter um papel crucial na negociação da futura relação. A todos respondeu que sim, com um deputado a lembrar que hoje Johnson dirá sim a tudo, mas que os deputados têm que ter cuidado.

Emenda Letwin

O líder da Câmara dos Comuns, John Bercow, anunciou entretanto que aprovou o debate sobre a emenda Letwin, assim como a emendas Kyle-Wilson.

A emenda Letwin prevê suspender a aprovação do acordo até ser aprovada a legislação necessária para o aplicar. Isto iria obrigar Johnson a pedir um adiamento da data de saída da União Europeia até 31 de janeiro. A emenda foi apresentada por Oliver Letwin, um dos ex-deputados conservadores que foi afastado pelo partido após ter votar contra o primeiro-ministro.

Segundo os media britânicos, se esta emenda for aprovada, Johnson poderá cancelar a votação do acordo de Brexit este sábado. "Um voto na emenda Letwin é um voto para atrasar e toda a gente será enviada para casa", disse uma fonte do número 10 de Downing Street à jornalista da BBC, Laura Kuessenberg.

"Acho que este é um momento importante para o nosso país e seria uma pena que a oportunidade de ter um voto significativo nos fosse retirada", afirmou Johnson durante o debate.

Esta é a primeira vez em 37 anos que os deputados são chamados a um sábado -- da última vez, em 1982, em causa estava a invasão das Falkland (Malvinas).

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2019-10-19 08:53:00Z
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