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Tuesday, November 5, 2019

O aviso que saiu do frio: todos estamos a ser manipulados - Expresso

O aviso que saiu do frio: todos estamos a ser manipulados - Expresso

Edward Snowden foi recebido com entusiasmo por milhares de espetadores dos quatro cantos do mundo na abertura da Web Summit, em Lisboa, mas é provável que os aplausos calorosos fiquem mais a dever-se a seu estatuto de 'pop-star' do que propriamente ao conteúdo da sua mensagem.

Perante uma plateia relativamente jovem, que se desloca à meca da tecnologia à procura de inspiração para novos projetos, e que, à luz deste inquérito europeu, é medianamente conhecedora dos seus direitos digitais e pouco precavida com os seus dados pessoais, Snowden esforçou-se mais por desfazer a utopia tecnológica do que por explorar as suas extraordinárias potencialidades.

O antigo espião norte-americano, temporariamente exilado na Rússia, avisa que nada está a salvo e que toda a informação, mesmo a encriptada, é permeável à pirataria. Que empresas como a Google ou o Facebook fazem do abuso o seu modelo de negócio e que nós somos co-responsáveis, porque "legalizámos o abuso das pessoas, aceitámos um sistema que deixa as pessoas vulneráveis e que abusa delas para benefício dos privilegiados". Que mecanismos como o regime de proteção de dados criam um falso sentimento de segurança, porque “o problema não está na proteção dos dados, está na sua recolha”. E que as pessoas estão a ser manipuladas, sendo indispensável redesenhar o sistema - os dados só devem ser acedidos por quem os envia e quem os recebe.

No fim ainda pediu um minuto de compensação para deixar um importante repto aos empresários e empreendedores: "Não convençam os vossos clientes que devem confiar em vocês, mostrem-lhes que não têm de confiar em vocês porque vocês não têm acesso à sua informação". A plateia voltou a aplaudir - mas será que concordou?


OUTRAS NOTÍCIAS

André Ventura está a transformar-se num fenómeno de popularidade. A sua intervenção no Parlamento foi, de longe, a mais vista de todos os partidos que divulgaram no youtube as intervenções dos líderes e o número de seguidores disparou. No Expresso online, António Costa Pinto alerta que há que distinguir popularidade e apoio popular, o investigador Luis Santos admite que seja efeito da novidade, enquanto Daniel Oliveira garante que prefere um verdadeiro fascista ao líder do Chega.

José Sócrates saiu "satisfeito" do último dia de interrogatórios. Ao todo, na fase de instrução, o ex-primeiro ministro esteve 32 horas a responder a perguntas do juiz Ivo Rosa. As avultadas somas de dinheiro que movimentou foram justificadas com uma herança recebida pela mãe, segundo a SIC-Notícias.

Ricardo Araújo Pereira fez mais uma declaração de amor a Jorge Jesus. Desta vez foi no “Folha de São Paulo” para dizer coisas como: “As equipas de Jesus têm o espírito do futebol de rua, do drible malandro e exibicionista, mas consequente, ao serviço da obsessão pela vitória, e aquela agressividade competitiva do garoto que, depois de fazer golo, grita para guarda-redes: ‘Vai buscar!”. O resumo completo pode ser lido na Tribuna.

Os funcionários públicos faltam muito? A fazer fé nas declarações ao Público da nova ministra, Alexandra Leitão, sim. Mas, a fazer fé nos números… bom, os números não existem porque o Governo faz deles tabu – uma característica que, de resto, é extensível a outras áreas da gestão pública. Sem informação, os sindicatos antecipam a reintrodução dos 25 dias de férias para os mais assíduos.

Impedidos de repercutir nos clientes os juros negativos que têm de pagar ao Banco Central Europeu para terem lá as suas reservas depositadas, e numa encruzilhada para obterem rendibilidade, os bancos viraram-se para os instrumentos que têm ao seu dispor: as comissões. O BPI admitiu que já está a cobrar mais aos maiores investidores e que até já perdeu clientes com isso. O Santander aguarda luz verde do Banco de Portugal.

No fim de semana noticiámos que o Fisco já está a tirar dividendos da troca automática de informações financeiras à escola global: conseguiu detetar inconsistências entre as poupanças no exterior declaradas pelos portugueses e aquilo que efetivamente têm. Em jeito de complemento, agora, trazemos-lhe a lista dos países onde as famílias e empresas nacionais têm mais contas (e vice-versa).

Segundo a consultora PWC, em 2018 houve mais CEO (presidentes executivos de empresas) despedidos por razões éticas do que por lutas de poder ou maus resultados. Este fim de semana surgiu mais um caso para juntar à estatística: Steve Easterbrook, presidente executivo da McDonald’s foi despedido sumariamente por ter-se envolvido com uma colega de trabalho, violando o código de conduta da empresa que proíbe expressamente relações entre trabalhadores em relação hierárquica. Esta segunda-feira, rolou também a cabeça do diretor de recursos humanos. O caso não é único (o CEO da Intel já tinha conhecido semelhante destino) mas recoloca na agenda a discussão sobre os direitos privados e a preservação da credibilidade pública das organizações.

Um camião frigorífico intercetado pela policia no norte da Grécia transportava 41 migrantes, na sua maioria afegãos. Estavam todos vivos, ao contrário dos 39 vietnamitas encontrados há duas semanas em no Reino Unido e de outros casos cujos corpos nunca foram reclamados.

Lutar contra a maldade na política é uma das prioridades do novo presidente da Câmara dos Comuns britânico. Entretanto o Parlamento será dissolvido, iniciando-se a campanha eleitoral para as eleições de 12 de dezembro.

A habitação em Silicon Valley transformou-se num grave problema social, com os trabalhadores a dormirem em auto-caravanas, nos transportes públicos ou ao relento, como já lhe contámos aqui no Expresso. Ontem, a Apple anunciou um apoio de 2,5 mil milhões de euros em apoios para a construção de casas com renda acessível e juros bonificados para à compra e construção de habitação.

Uma colombiana oriunda de uma família onde mais de 6000 pessoas tiveram Alzheimer, chegou aos 70 anos sem sinais de degradação cognitiva . A descoberta, relatada no New York Times, abre novas perspetivas à investigação da doença.

Por fim, uma história redentora: uma grega de 92 anos reencontrou-se com dois irmãos judeus que ajudou a salvar durante a II Guerra. “Quando fazemos algo bom, acabamos por recebê-lo de volta”, foi o conselho que deixou.

FRASES

Existe uma profunda desadaptação entre a capacidade do sistema educativo para formar profissionais altamente qualificados e a capacidade do sistema económico para os absorver e empregar de forma útil. (…) É urgente criar legislação que incentive, ou mesmo obrigue, as empresas a investir uma parte dos seus lucros em ciência e tecnologia. Arlindo Oliveira, no Público

É preciso reconhecer que, embora por razões diferentes, a moeda única foi uma armadilha para praticamente todos os seus membros, não uma mina de ouro. Gyorgy Matolcsy, governador do banco central húngaro, no Financial Times

Não pode haver emprego sem salário. Mas acontece. Pierre Gattaz, presidente da Business Europe, ao Negócios

Marck Zuckerberg deve pagar pelo que está a fazer à democracia. Hillary Clinton, no The Guardian

O que fazer quando se está perante obrigações contraditórias: obedece-se à Constituição ou a compromissos de confidencialidade? (…) O que se faz quando as instituições mais poderosas da sociedade são as menos confiáveis da sociedade? Edward Snowden, na abertura da Web Summit

O QUE ESTOU A LER

Irvin D. Yalom é professor, consagrado psiquiatra e escritor norte americano com um fascínio especial por grandes filósofos. No livro “o problema Espinosa” usou a sua formação clínica para tentar traçar o perfil psicológico de duas figuras históricas: Bento Espinosa, o filósofo judeu que no século XVII desafiou o conceito tradicional de deus, e de Alfred Rosenberg, um dos ideólogos do nazismo.

A ligar os dois personagens, um acontecimento real. Durante a segunda guerra os nazis confiscaram todos os livros de Espinosa, mas, por razões ainda ocultas, preservaram o seu espólio, de tal modo que, após o conflito, a biblioteca pôde voltar ao seu local de origem. Os nazis tinham um interesse misterioso pelo filósofo judeu de ascendência portuguesa, e é este enigma, que intrigou Yalom durante as suas pesquisas, que serve de elo entre os dois personagens.

As duas biografias ficcionadas correm alternadamente, ora em 1656, ano em que Espinoza sofre o duro golpe da excomunhão pela sinagoga de Amesterdão, ora entre 1918 e 1946, acompanhando a vida adulta de Alfred Rosenberg até à sua execução em Nuremberga como criminoso de guerra. Um bom livro para leigos sem coragem para se lançarem diretamente nas obras do filósofo.

E por agora é tudo. Ao longo do dia esperamos por si no Expresso online e no Expresso Economia, no Tribuna, no Blitz e no Vida Extra e, às 18H00, no Expresso Diário.

Se tem especial interesse na Web Summit, acompanhe a nossa cobertura em direto e o essencial do enquadramento (aqui, aqui, aqui e aqui).

Tenha uma boa terça-feira.

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2019-11-05 08:56:27Z
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