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Friday, January 31, 2020

Brexit. Líderes de instituições europeias destacam "dia excecional" e lançam aviso ao Reino Unido - RTP

Brexit. Líderes de instituições europeias destacam "dia excecional" e lançam aviso ao Reino Unido - RTP

David Sassoli, presidente do Parlamento Europeu, abriu o discurso desta sexta-feira. “É um dia peculiar para a Europa, em que começa uma nova fase. À meia-noite o Reino Unido sairá da UE e, após três anos de discussões, faremos um balanço das mesmas com os nossos amigos britânicos. A União Europeia acabou por beneficiar desta situação, uma vez que se tornou ainda mais unida”, declarou o responsável europeu.

Charles Michel, presidente do Conselho Europeu, partilha da mesma opinião. “Este é um dia excecional para a União Europeia, e hoje provavelmente temos sentimentos mistos”, começou por declarar. “Nunca é um momento feliz quando alguém parte, mas estamos a abrir um novo capítulo e vamos dar toda a nossa energia para a construção de uma União Europeia mais forte e mais ambiciosa”.

“Ainda ontem tivemos a oportunidade de realizar um debate estratégico entre instituições de forma a perceber como podemos ter uma melhor cooperação e como é possível enfrentar os desafios da agenda”.

“Ao nível europeu eu considero que temos muitos pontos fortes, nomeadamente valores e liberdade fortes. Temos 27 democracias fortes, temos 22 milhões de empresas num mercado único poderoso”, defendeu Michel.
“O Reino Unido terá de aceitar um mercado interno”
Quanto aos próximos 11 meses de negociações com o Reino Unido, enquanto este atravessa o período de transição, o presidente do Conselho Europeu garantiu que a UE continuará “a ser leal para com o Reino Unido, como tem sido ao longo dos últimos três anos”.

Deixou, porém, um alerta. “O Reino Unido decidiu divergir do padrão europeu e terá de aceitar um mercado interno. Quanto mais o Reino Unido se afastar dos padrões europeus, menos acesso terá ao mercado único”.

Michel Barnier, até agora negociador-chefe da UE para o Brexit, já tinha alertado que a União Europeia apenas concordará com um acordo de livre comércio caso o Reino Unido aceite manter as normais europeias para o ambiente e para os direitos dos trabalhadores. “O acesso aos nossos mercados será proporcional aos compromissos relativos às regras comuns”, frisou em outubro, em entrevista a publicações europeias.

“É muito importantes que nos próximos meses nos mobilizemos com Michel Barnier, que tem toda a confiança dos Estados-membros para continuar o trabalho que tem sido o seu durante os últimos anos”, concluiu Charles Michel.
“A força não está no isolamento, mas na união”
Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, considera a concretização do Brexit um ponto de viragem para a UE. “Quando o sol nascer amanhã, abre-se um novo capítulo para a nossa união a 27”, declarou. “Durante estes mais de 47 anos, a nossa união ganhou um ímpeto político, tornou-se um poder económico muito forte”.

A nossa experiência ensinou-nos que a força não está no isolamento, mas na nossa união, que representa algo único. Em nenhum outro lugar do mundo podemos encontrar 27 nações com mais de 400 milhões de pessoas que falam 24 línguas, que se apoiam umas nas outras, que trabalham e vivem em conjunto. Isto não acontece por acaso. Isto está baseado em séculos de história partilhada”.

“As oportunidades que a Europa poderá agarrar não mudaram devido ao Brexit”, salientou von der Leyen. Oportunidades essas que são “a mudança climática, o Acordo Verde Europeu, o estar na frente da revolução digital, gerir a migração de uma forma eficiente e humana e construir parceiras fortes em todo o mundo”.

“Enquanto tudo isto acontece, queremos ter a melhor relação possível com o Reino Unido, mas sabemos que essa relação nunca será tão boa como se o Reino Unido continuasse a ser membro da União”, uma vez que “a união faz a força”, defendeu.

“Queremos manter uma ligação estreita com os parceiros britânicos, mas a Europa vai defender os seus interesses de forma determinada”, frisou, aproveitando para lançar um aviso quanto às negociações sobre um eventual acordo comercial.

“O Reino Unido vai tornar-se um país terceiro e, como a todos os países terceiros, apenas aqueles que reconhecem as regras do mercado interno podem beneficiar do mercado comum. Queremos ser bons vizinhos e amigos e, como bons amigos, podemos negociar de forma justa, porque partilhamos uma base comum. Entramos nestas negociações com um espírito de tentar alcançar justiça e segurança para a nossa economia”, esclareceu.

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2020-01-31 11:50:00Z
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