O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, revelou esta manhã que o grupo de europeus que deveria ter partido ontem de Wuhan, incluindo os portugueses, está retido naquela cidade porque falta autorização da China para a saída. O avião que deveria ter partido quinta-feira de Wuhan ainda nem saiu de Paris e foi dada ordem aos portugueses, naquela cidade chinesa, para ficarem em casa. Os cidadãos portugueses deveriam ter-se apresentado no consulado francês em Wuhan.
“Esta é uma operação complexa no quadro da concertação europeia e depois há outra coordenação ainda mais complexa, com as autoridades chinesas. Estando a cidade [de Wuhan] de quarentena, estes cidadãos só podem sair com autorização das autoridades de saúde pública e administrativas da China. Essa autorização ainda está em curso e só com essa autorização é que nós podemos dar a operação como bem-sucedida e respirar de alívio”, revelou o ministro, em declarações à Antena 1.
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Há, no entanto, dois pesos e duas medidas. Segundo a edição online do El País um avião com 19 espanhóis que se encontravam em Wuhan descolou às 9h30 (hora em Wuhan) desta sexta-feira. O avião, onde estão também cidadãos britânicos, noruegueses e dinamarqueses, foi fretado pelo Reino Unido. Tem prevista uma paragem em Londres, onde deixará os cidadãos britânicos, e seguirá para Madrid, onde deverão desembarcar quer os espanhóis quer os cidadãos da Dinamarca e da Noruega. Uma vez na capital espanhola, os passageiros ficarão de quarentena durante 14 dias no Hospital Central de la Defensa Gómez Ulla, afirma o diário espanhol.
Todos estes passageiros que embarcaram esta manhã passaram por mais do que uma vez por um controlo de temperatura ainda em território chinês e nenhum apresentava febre, de acordo com o relato feito no El País.
Nos últimos dias, vários cidadãos têm sido retirados da cidade de Wuhan. Esta quinta-feira, um japonês repatriado chegou a Tóquio, onde foi hospitalizado. Está ainda previsto que, durante a tarde desta sexta-feira, cidadãos franceses retirados daquela cidade chinesa aterrem na base aérea de Istres-Le Tube, a noroeste de Marselha, onde são esperados por membros da Cruz Vermelha Francesa. Os cidadãos ficarão depois em quarentena durante 14 dias. Esta sexta-feira, um avião com 367 sul-coreanos evacuados de Wuhan aterrou também no aeroporto de Gimpo, na Coreia do Sul.
Os portugueses que vão ser repatriados de Wuhan terão, à chegada, à sua disposição instalações para ficarem isolados “com conforto e tranquilidade”, se assim o entenderem, adianta a directora-geral da Saúde, Graça Freitas, em entrevista ao PÚBLICO na edição desta sexta-feira. “Isso está a ser equacionado porque houve portugueses que terão manifestado o receio, ao voltar a casa e se eventualmente viessem contagiados, de transmitirem [o vírus] à família. Se chegarem com esse receio, terão instalações para os acolher com conforto e tranquilidade”, justifica Graça Freitas.
Quase dez mil infectados e 213 mortos. Dois casos identificados no Reino Unido
A China informou nesta sexta-feira que o número de mortos por causa do novo coronavírus de Wuhan subiu para 213 e o de pessoas infectadas para 9692. O anterior balanço apontava para 7736 pessoas infectadas e 170 mortos.
Os números anunciados dizem respeito às últimas 24 horas e representam mais 43 mortos e quase mais dois mil casos de infecção em relação aos últimos dados avançados pelas autoridades chinesas. A grande maioria dos casos continua a ocorrer na província de Hubei e na sua capital, Wuhan, o epicentro do surto.
Segundo o relatório diário da Comissão Nacional de Saúde chinesa, actualizado às 4h (20h de quinta-feira em Portugal continental), o número de pacientes em estado grave é de 1527, enquanto 171 pessoas já receberam alta.
O surto deflagrou em Dezembro em Wuhan, metrópole no centro da China, e na quinta-feira a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou emergência de saúde pública internacional, num momento em que a epidemia afecta mais de uma dúzia de países.
Além da China e dos territórios chineses de Macau e Hong Kong, há mais de 50 casos confirmados do novo coronavírus em 20 outros países — na Tailândia, Japão, Coreia do Sul, Taiwan, Singapura, Vietname, Nepal, Malásia, Estados Unidos, Canadá, França, Alemanha, Itália, Austrália, Finlândia, Emirados Árabes Unidos, Camboja, Filipinas, Índia e o Reino Unido onde, segundo a Reuters, foram detectados na manhã desta sexta-feira os dois primeiros casos no país.
O Governo italiano já declarou esta sexta-feira estado de emergência depois de terem sido identificados os dois primeiros casos de coronavírus em dois turistas chineses que visitaram Roma. Singapura anunciou, por sua vez, que vai proibir, a partir de sábado, a entrada de todos os visitantes que tenham estado na China recentemente e suspender a emissão de vistos para todas as pessoas com passaporte chinês e a Mongólia tinha também já anunciado que iria fechar as suas fronteiras terrestres com a China (assim como a Rússia, a Coreia do Norte e o Vietname) para impedir o alastramento do coronavírus.
2020-01-31 10:26:00Z
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