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Wednesday, January 8, 2020

O que se sabe e o que falta saber sobre o ataque do Irão às duas bases que abrigam tropas norte-americanas - Observador

O que se sabe e o que falta saber sobre o ataque do Irão às duas bases que abrigam tropas norte-americanas - Observador

(em atualização)

O Irão lançou dezenas de mísseis sobre duas bases, Al-Asad e Erbil, que abrigam tropas norte-americanas no Iraque, durante a madrugada desta quarta-feira, 8 de janeiro. A hora do ataque, que foi confirmado por todos os países envolvidos, foi escolhida para coincidir com a hora da morte do general Qassem Soleimani, morto também em solo iraquiano durante um ataque com um drone ordenado por Donald Trump, presidente dos EUA, na passada sexta-feira. Segundo as autoridades iranianas, o ataque teve início às 1h20 da manhã, hora local. Nome da Operação? Mártir Solleimani, com o código ‘Oh Zahra’.

O ministro da Defesa iraniano confirmou ainda que o Irão usou mísseis de curto alcance.

Javad Zarif, ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, anunciou no Twitter que o Irão tomou medidas proporcionais de defesa contra as bases de onde foram lançados os ataques aos seus militares, referindo-se à morte do general Soleimani, cujo funeral (terça-feira) aconteceu na véspera do envio dos 22 mísseis. A ação do Irão está justificada pelo artigo 51.º da Carta das Nações Unidas, argumentou Zarif.

O que diz o artigo 51.º? “Nada na presente Carta prejudicará o direito inerente de legítima defesa individual ou coletiva, no caso de ocorrer um ataque armado contra um membro das Nações Unidas, até que o Conselho de Segurança tenha tomado as medidas necessárias para a manutenção da paz e da segurança internacionais. As medidas tomadas pelos membros no exercício desse direito de legítima defesa serão comunicadas imediatamente ao Conselho de Segurança e não deverão, de modo algum, atingir a autoridade e a responsabilidade que a presente Carta atribui ao Conselho para levar a efeito, em qualquer momento, a ação que julgar necessária à manutenção ou ao restabelecimento da paz e da segurança internacionais.”

Pouco depois do ataque, no Twitter, o Pentágono avançava que pelo menos uma dúzia de mísseis tinham sido usados no ataque às duas bases. Segundo o exército iraniano, foram lançados 22 mísseis, mas dois dos 17 apontados à base de Al-Asad não deflagraram. O ataque a Erbil contou com 5 mísseis, todos deflagrados, informação que contradiz a avançada pela CNN de que um dos mísseis, que caiu dentro do perímetro do Aeroporto Internacional de Erbil, não explodiu. Segundo as autoridades norte-americanas, só um míssil atingiu, de facto, a base de Erbil.

Não houve vítimas nos ataques. Apesar de o Irão ter começado por anunciar a morte de 80 militares norte-americanos, os Estados Unidos garantiram que não há mortes a lamentar. As tropas terão sido avisadas a tempo de se protegerem no interior dos abrigos das bases. “All is well” (tudo está bem), escreveu Trump no Twitter.

Antes do envio dos mísseis, o Irão avisou o Iraque de que a retaliação pela morte de Soleimani estava para acontecer. O primeiro-ministro do Iraque, Adil Abdul-Mahdi, Iraque, emitiu um comunicado, partilhado no Twitter, no qual revela que “logo após a meia-noite desta quarta-feira” foi alertado pelos iranianos, por “mensagem oficial” de que a “resposta ao assassinato de Qassem Soleimani tinha começado ou iria começar em breve” e que seria limitado às forças militares norte-americanas presentes no Iraque. Mais tarde, também os norte-americanos avisaram o Iraque de que as bases estavam sob ataque.

Não havia portugueses nas bases atacadas. O Ministério da Defesa Nacional informou que o contingente militar português (34 elementos) está na base militar de Besmayah. Em declarações aos jornalistas, o ministro João Gomes Cravinho disse que ainda é prematuro equacionar a retirada das tropas portuguesas no Iraque: “É muito cedo para dizer, ainda é prematuro, vamos ver como as autoridades iraquianas desenvolvem a sua posição.”

O líder supremo iraniano, o aiatola Ali Khamenei, falou à nação, num discurso divulgado pela televisão estatal. Depois de muitos elogios ao general Soleimani, disse que a ação do Irão sobre os Estados Unidos “não é equivalente” àquilo que eles fizeram, referindo-se ao assassinato do militar. “Acabámos de dar um estalo na cara dos Estados Unidos ontem à noite”, disse, acrescentando que “a região não aceita a presença” dos norte-americanos no seu território.

Ali Khamenei falou à nação, discurso difundido pela televisão estatal iraniana

Depois do ataque, vários avisos foram feitos aos Estados Unidos pelas autoridades iranianas. Em resumo: não querem tropas na região e irão atacar quem lhes der abrigo. A Guarda Revolucionária do Irão, à qual pertencia o general Soleimani onde chefiava uma divisão de elite, emitiu um comunicado com uma ameaça: “Deixamos um aviso a todos os aliados dos americanos que entregaram as suas bases ao seu exército terrorista: qualquer território que seja usado para lançar um ato de agressão contra o Irão tornar-se-á um alvo”.

O comunicado completo da Guarda Revolucionária Iraniana após os ataques:

Nome da Operação: Mártir Solleimani

  1. Alertamos os Estados Unidos que se avançarem com mais movimentos, daremos respostas mais dolorosas.
  2. Advertimos os governos que deram espaço e bases aos EUA, de onde quer que sejamos atacados, os atacaremos nos seus países!
  3. Reconhecemos Israel como cúmplice no crime [morte de Solleimani].
  4. Sugerimos que o povo americano chame os seus soldados nesta região de volta para evitar colocar as suas vidas em risco.

    Forças de segurança iraquiana recolhem destroços de um dos mísseis usados no ataque contra as bases. Créditos: Azad Muhammed/Anadolu Agency via Getty Images

As imagens do ataque foram divulgadas pela Fars, agência de notícias do Irão. Rapidamente vários vídeos do lançamento dos mísseis começaram a surgir nas redes sociais.

Tanto os Estados Unidos como o Irão continuam a dizer que não estão interessados numa guerra. “Não procuramos uma escalada ou a guerra, mas iremos defender-nos de qualquer agressão”, escreveu Javad Zarif no mesmo tweet em que invocou o artigo 51.º da Carta das Nações Unidas.

Também o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Mark Esper, disse aos microfones da CNN que os Estados Unidos querem travar a escalada de violência, preferindo sentar-se à mesa para procurar soluções diplomáticas. Apesar disso, deixou a ameaça: “Não estamos à procura de começar uma guerra com o Irão, mas estamos preparados para terminá-la.”

Donald Trump ainda não fez nenhum discurso oficial depois do ataque. Inicialmente esperava-se que falasse ao final da noite (hora local), mas acabou por não acontecer. As palavras do presidente norte-americano serão fundamentais para perceber qual será a reação dos Estados Unidos ao ataque às duas bases.

Apesar de tudo indicar que não houve vítimas mortais — os próprios Estados Unidos e o Iraque o garantem — não são ainda conhecidos os níveis exatos de destruição das duas bases em solo iraquiano. As forças de segurança do Iraque estão no terreno a fazer a avaliação.

[O Observador está a acompanhar, minuto a minuto, a situação no seu liveblog. Siga aqui em direto]

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2020-01-08 12:36:09Z
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