Governo
Mão dura para chegar à maioria absoluta
A resposta governamental à greve dos motoristas foi planeada com semanas de antecedência e todos os movimentos foram sendo postos em prática como se de um jogo de xadrez se tratasse, até ao xeque-mate ao Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP). O arquiteto principal foi, obviamente, o primeiro-ministro - que, aliás, tem um gosto especial por este tipo de situações. António Costa, no entanto, pouco apareceu - na verdade, só no sábado passado, apresentando as conclusões de uma reunião, supostamente de "emergência", dos ministros com tutela nesta matéria. O protagonismo governamental ficou sobretudo por conta dos ministros do Trabalho (Vieira da Silva), do Ambiente (Matos Fernandes) e das Infraestruturas (Pedro Nuno Santos). Ao impor serviços mínimos que nalguns casos abrangiam 100% dos trabalhadores, o governo levou o SNMMP a cometer o erro de dizer que não os cumpria. E assim, logo ao segundo dia de greve (terça-feira), António Costa teve o pretexto para impor requisição civil, medida acompanhada de avisos dizendo que quem não a cumprisse arriscava não só processos disciplinares visando o despedimento como até penas de prisão (até dois anos, por crime de desobediência). A dramatização governamental implicou pôr as Forças Armadas na rua com militares substituindo motoristas em greve e motoristas a serem notificados em casa pela GNR por supostamente estarem a desobedecer à requisição civil. Na quarta-feira, o SNMMP deu sinais de estar a começar a ceder, desafiando o governo a mediar conversações com a Antram (patrões). Nesse mesmo dia, à noite, a Fectrans, sindicato da CGTP que não alinhou na greve, assinou com a Antram um novo acordo coletivo de trabalho. Na quinta-feira, o outro sindicato que estava em greve (Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias, SIMM) desconvocou-a e o SNMMP ficou isolado. Ontem já admitia desconvocar a greve, em troca de negociações com a Antram mediadas pelo governo. À hora do fecho desta edição, dirigentes conversavam com o ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos. A partir do momento em que o sindicato começou a dar sinais de fraqueza, o governo voltou a insistir na necessidade de diálogo, insistência que ontem ao fim da tarde o primeiro-ministro reiterou, depois de uma audiência com o Presidente da República. Nas mesmas declarações, Costa insistiu na tese de que o governo nunca dramatizou em excesso a paralisação - mas esta tinha, de facto, como afirmou, "um potencial gigantesco de paralisação do país".
2019-08-17 17:49:27Z
https://news.google.com/__i/rss/rd/articles/CBMieGh0dHBzOi8vd3d3LmRuLnB0L2VkaWNhby1kby1kaWEvMTctYWdvLTIwMTkvaW50ZXJpb3IvZXN0aWxoYWNvcy1kYS1ncmV2ZS1zby1uYW8tYXRpbmdpcmFtLW8tcHMtZS1vLWdvdmVybm8tMTEyMTUwOTguaHRtbNIBAA?oc=5
No comments:
Post a Comment